Por Aymar du
Chatenet
Em plena
Segunda Guerra Mundial, Walt Disney desembarcou no Brasil para colaborar com a
“política da boa vizinhança”. À época, o governo Getúlio Vargas flertava com o
Eixo, em detrimento dos Aliados, e os Estados Unidos adotaram uma campanha para
ampliar sua influência política, econômica e cultural no país. Entre as
iniciativas para aproximar as duas nações, estavam o impulso à carreira de
Carmem Miranda e a viagem de 15 dias de Disney ao Rio de Janeiro. A missão do
artista, instruído cuidadosamente por Nelson Rockefeller, diretor da influente
Secretaria para Assuntos Interamericanos, era ganhar a simpatia dos brasileiros
e o resultado foi a criação de Zé Carioca. O papagaio estreou no filme Alô,
amigos de 1942, em que ciceroneava o Pato Donald pelo país. A passagem pela
América Latina ainda rendou outros dois personagens: o Gauchinho Voador,
representante da Argentina, e o galo mexicano Panchito. Todos se tornaram bons
amigos de Donald, simbolizando o que deveria ser a relação com os americanos.
O artista denunciou seus funcionários e perseguiu celebridades com o apoio do Senado americano.
A atuação de Disney como informante do FBI, o Federal Bureau of
Investigation, foi divulgada inicialmente pelo escritor Marc Eliot em O
príncipe sombrio de Hollywood (Ed. Marco Zero). A biografia, classificada como
“não autorizada” pela imprensa americana, traz uma análise de 470 páginas de
informações produzidas pelo próprio órgão estatal. Para acessar o dossiê, Eliot
recorreu ao Freedom of Information Act, um dispositivo legal que autoriza
qualquer cidadão americano a ter acesso aos arquivos de uma administração. O
material não está completo: faltam 100 páginas e muitas das recebidas pelo
autor foram escurecidas, para garantir o anonimato de informantes ou de pessoas
colocadas sob suspeita por Disney.
Segundo os dados obtidos, a parceria começou em 1940, quando o artista tinha 39 anos. Nessa época, o poderoso e temido chefe do FBI, John Edgar Hoover, colecionador inveterado de segredos de alcova, assuntos de família e fofocas de todo tipo, se propôs a ajudar Disney na busca por sua árvore genealógica. O assunto era um tormento para o animador desde a adolescência, quando descobriu que não possuía certidão de nascimento. Acreditando ser adotado, ele fez inúmeras pesquisas para encontrar suas origens, todas sem resultado. A oferta do FBI era uma ótima oportunidade para finalmente atingir seu objetivo. Em troca do esforço dos agentes, Disney tornou-se informante e manteve uma relação quase filial com Hoover.
O acordo, imediatamente colocado em prática, levou dois investigadores americanos à cidade de Mojacar, na Espanha, em busca do atestado de nascimento. Eles encontraram o registro de uma criança, nascida por volta de 1890, cuja mãe teria sido Isabel Zamora Ascencio.
Segundo os dados obtidos, a parceria começou em 1940, quando o artista tinha 39 anos. Nessa época, o poderoso e temido chefe do FBI, John Edgar Hoover, colecionador inveterado de segredos de alcova, assuntos de família e fofocas de todo tipo, se propôs a ajudar Disney na busca por sua árvore genealógica. O assunto era um tormento para o animador desde a adolescência, quando descobriu que não possuía certidão de nascimento. Acreditando ser adotado, ele fez inúmeras pesquisas para encontrar suas origens, todas sem resultado. A oferta do FBI era uma ótima oportunidade para finalmente atingir seu objetivo. Em troca do esforço dos agentes, Disney tornou-se informante e manteve uma relação quase filial com Hoover.
O acordo, imediatamente colocado em prática, levou dois investigadores americanos à cidade de Mojacar, na Espanha, em busca do atestado de nascimento. Eles encontraram o registro de uma criança, nascida por volta de 1890, cuja mãe teria sido Isabel Zamora Ascencio.
Disney e Charles Chaplin, vítima célebre da caça as bruxas empreendida no macarthismo
O pai, um
notável chamado José Guirao, era casado com outra mulher e não assumiu a
relação com a amante. Após sua morte, a señorita Zamora teria embarcado para a
América e Disney seria, na verdade, o pequeno José, nome de batismo do bebê
espanhol. Pura especulação, as informações foram habilmente utilizadas por
Hoover para manter estreitos laços com o cineasta.
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