ELDAN DE LIMA
Esculacho é um termo considerado gíria popular que quer dizer: desmoralizar, avacalhar, esculhambar, descuidar, desleixar, negligenciar, desordenar, descompor, zombar, escarnecer, ridicularizar, estragar, danificar, deteriorar.
Há tempos temos visto uma ou outra reportagem a respeitos da cultura popular do lixo, na qual vem se tornando a cultura atual brasileira. Como resultados dessa bestificação cultural o despropósito em cima do que já é cultural. Dizem que somos um povo brincante, alegre, sorridente. E somos. Fazemos até piada de coisa séria, e no geral, não levamos tão a sério o que precisa ser considerado assim. Mas, o que se questiona (e agora não me sinto só na minha maneira de pensar) é o que, em troca da liberdade de expressão, estamos ganhando.
Antes, o que se ouvia nas músicas que tinham uma certa "originalidade" em termos de humor (tão peculiar aos nordestinos) era uma ou outra letra de música que, apresentando uma cacofonia, mostrava uma segunda intenção na voz do cantor: "seu vigário eu não comunguei" "talco no salão", e outras - e com este comentário não as redimo de serem tão hostis quantos as atuais, pois foram precursoras. Me lembro das músicas de Genival Lacerda já apelando para a mente do ouvinte. Hoje a coisa tá deslavada. Não tem mais limites, e a "galera" gosta.
A "cultura do esculacho" nestas miscelânias de música e descaramento produz humor, música, dança, nudez, sensualidade exacerbada, o que faz com que não seja descartada de imediato, e tudo isso leva a uma degradação da moral, substancialmente interessante para quem prefere um povo auto-depreciativo, que não autentica a ética, mesmo que ela esteja embutida na hora do lazer. Um povo que se torna habituado a admitir que a "sacanagem" está mesmo em todo lugar, e que está tudo bem, não se impõe, não prima por bons hábitos, não zela por boa educação, não busca e defende direitos, não se faz perceber como o detentor do poder e se torna mero detalhe para governantes corruptos e negligentes com suas obrigações perante este povo.
Nota final: Não é a cultura nordestina que está em debate, o que se questiona é o apelo a coisas imorais, que não se resume a estas "pérolas" do tal forró estilizado, mas está também nos funks, nos sertanejos, nos bregas, nos calipsos, nos técnos, nos etc e tal.
Eldan de Lima - Graduado em Letras pela UFPa.Pós-graduando em Política e Economia Mineral pela mesma instituição. Técnico em Mineração - Cefet-RN
Trabalhando atualmente em projeto de produção de níquel, na Nova Caledônia, ilha do Pacífico Sul, território ultramarino da França.
Vocalista e compositor da banda Palácios - grupo de música evangélica estilo pop-rock.
Casado com Martyla Sampaio Nascimento - a mulher mais linda do universo.
"Não sou reacionário e não sou revolucionário, só acredito em um mundo mais justo e mais solidário"
2 comentários:
Nêgo véio, e o que tem de bons guitarristas, baixistas, tecladistas, cantores e outros mais, se prestando a trabalhar nesta porcaria, é de quase 80%. O negócio é o seguinte: ou toca este lixo, ou morre de fome.
Pode meter o cacete mesmo desde que também se fale nos maiores culpados de uma verdadeira máfia que são os EMPRESÁRIOS. Nem eles mesmos ouvem isto aí em casa e nem deixam seus filhos gostarem. É tudo fingimento quando eles se defendem ou botam os familiares pra dizer que curtem este lixo em casa. É como o cara falou aí, a lixeira está cheia de todo tipo de música. A boa música acabou pra dar lugar ao mundaréu de dinheiro envolvido nisto aí.
Digo isso porque já toquei em Fortaleza e hoje, graças a Deus tenho meu comércio pequeno mais que me libertou desta esculhabação.
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