(clique e amplie)
O
historiador, jornalista e ativista Tariq
Ali, membro do Conselho Editorial de Sin Permiso, falou com Firas Khatib
para a revista al-Akhbar sobre os desafios que enfrentam as Revoltas
Árabes, o futuro da política dos EUA no Oriente Médio depois da “retirada de
tropas” do Iraque, e a importância da tomada de ruas e praças de cidades no
mundo todo pelo atual movimento de dissenso.
Há algum tempo a minha opinião sobre a
política dos EUA com relação ao Irã tem sido que convém só aos interesses
norte-americanos desestabilizar o Irã. É pouco provável que a sua tentativa de
realizar bombardeios ou de impor duras sanções com a aprovação da Rússia e da
China tenha êxito. Qualquer pressão para realizar um ataque militar ao Irã
enfrentará a resistência dos generais norte-americanos e do Pentágono por una
série de razões: uma é a sobre-extensão de suas forças armadas; em segundo
lugar, o perigo de que, se atacar o Irã, os iranianos possam responder no
Iraque, no Líbano ou no Afeganistão.
Nos deixamos levar pelo que os EUA
fazem frente o Irã e tendemos esquecer que no Iraque e no Afeganistão o regime
clerical iraniano respaldou essencialmente as guerras e a ocupação do Iraque
pelos EUA. Apoiou a ocupação do Afeganistão pela OTAN, que é muito importante
para os EUA.
Portanto, o fato de que se atire aos
montes contra o Irã fará com que se corra o risco de desestabilizar a ocupação
nesses dois países e é pouco provável que o faça. A pressão de fazer algo no
Irã provém de uma fonte: Israel. E o motivo é o temor de que se rompa o
monopólio nuclear israelense na região. Não há outra razão.
Os israelenses não podem atacar o Irã sem aprovação dos EUA, o que
é impossível porque o caos resultante poderia derrubar o regime saudita. Se o
Irã é atacado com meios militares pelos israelenses, haverá caos no Oriente
Médio e em diferentes partes do mundo. Não será algo popular. E então a grande
pergunta será: o que fará a oposição na Arábia Saudita? Não é uma oposição bem
organizada, mas sabemos que existe. E é um problema sério para os EUA, porque se
existe uma coisa inaceitável para eles no Oriente Médio é que aconteça algo com
o regime saudita, o qual respalda solidamente.
Todo o palavreado sobre democracia,
direitos humanos e liberdade, se esquece quando se trata da Arábia Saudita. É
uma posição muito clara dos EUA. Portanto, seria muito contraproducente
permitir uma incursão israelense contra o Irã. Mas às vezes os políticos fazem
coisas irracionais e demenciais.
Esperemos para ver se tem lugar a retirada. As imensas bases
militares que já construíram no Iraque e que atualmente constroem no
Afeganistão não me indicam uma retirada rápida. Essa retirada é, sobretudo, um
show como o que aconteceu quando os britânicos ocuparam o Iraque.
Os norte-americanos estão copiando,
neste caso, o modelo britânico: imensas bases militares, como cidades
norte-americanas, construídas em seis lugares diferentes no Iraque, nas quais
vão manter 15.000, 20.000 ou 30.000. De modo que é muito prematuro falar em
retirada. Esperemos para ver o que acontece.
FONTES: SinPermisso Al-Akhbar, via Carta Maior e Viomundo
CARICATURA Taric Ali: João de Deus Netto -
JenipapoNews
Nenhum comentário:
Postar um comentário