O Tratamento que a
mídia deu à morte do cardeal dom Eugenio Sales, ocorrida no dia 9 de julho deste 2012, com direito à pomba branca no velório, me fez lembrar o filme
alemão “Uma cidade sem passado”, de 1990, dirigido por Michael Verhoven. Os
dois casos são exemplos típicos de como o poder manipula as versões sobre a
história, promove o esquecimento de fatos vergonhosos, inventa despudoradamente
novas lembranças e usa a memória, assim construída, como um instrumento de
controle e coerção.
Tem coisas que
até Ele duvida. Tive a oportunidade de acompanhar a trajetória do cardeal
Eugênio Sales, na qualidade de repórter da ASAPRESS, uma agência nacional de
notícias arrendada pela CNBB em 1967. Também, cobri reuniões e assembleias da
Conferência dos Bispos para os jornais do Rio – O Sol, O Paiz e Correio da
Manhã, quando dom Eugênio era Arcebispo Primaz de Salvador. É a partir desse
lugar que posso dar um modesto testemunho.
Os bispos que
lutavam contra as arbitrariedades eram Helder Câmara, Waldir Calheiros, Cândido
Padin, Paulo Evaristo Arns e alguns outros mais que foram vigiados e perseguidos.
Mas não dom Eugênio, que jogava no time contrário. Um dos auxiliares de dom
Helder, o padre Henrique, foi torturado até a morte em 1969, num crime que
continua atravessado na garganta de todos nós e que esperamos seja esclarecido
pela Comissão da Verdade. Padres e leigos foram presos e torturados, sem que
escutássemos um pio de protesto de dom Eugênio, contrário à teologia da
libertação e ao envolvimento da Igreja com os pobres.
CONTINUE COM A
VERDADE SOBRE O SACERDOTE DA DITADURA E DOS BARÕES DA IMPRENSA.
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