Em outubro de 1980, quando
prestava serviços à ditadura militar na qualidade de porta-voz do
general-presidente João
Figueiredo, o jornalista
gaúcho Alexandre
Garcia, no apogeu de seus
40 anos, destilava testosterona. Logo após ter sido entrevistado pela incipiente
revista Playboy, Garcia foi assediado pela publicação concorrente
– a revista Ele &Ela, que queria, também, fotografá-lo. O próprio
Alexandre narra o episódio em uma entrevista concedida, em agosto de 2006, a
Marcone Formiga, do Brasília em
Dia:
”Eu havia sido
entrevistado para a “Playboy” e aí o Flavinho Cavalcante, na época
da Bloch, disse que a “Ele
&Ela” também
queria uma entrevista. Só que maior, com fotos. Fui perguntar para o meu guru,
o ministro Golbery, que respondeu:
“Pode, sim. Vamos, em breve, tirar o Farhat. Vamos extinguir a Secretaria de
Comunicação Social e queremos que você fique como secretário de Imprensa. Nada
como dar uma entrevista para uma revista masculina para projetar mais o seu
nome, para virar depois secretário de Imprensa”. Dei a entrevista, revisei,
praticamente copidesquei. Então aquilo que está lá é meu mesmo. O Flavinho me
trouxe o primeiro exemplar que entreguei para o Figueiredo ler. O Figueiredo leu a bordo de um
Búfalo em uma viagem a Pindamonhangaba. Até aconteceu uma coisa engraçada…
Marcone Formiga – O que foi? Ah, conta…
Alexandre Garcia em 1980, como porta-voz de Figueiredo: demitido por causa das ousadas fotos nas páginas da revista masculina, Ele&Ela.
Alexandre Garcia – Estourou um cano do sistema hidráulico do avião
sujando as calças do presidente… Quando ele foi trocar as calças olhou para mim
e disse: “É perigoso tirar as calças na sua frente”! (risos) Foi a única
observação que ele me fez a respeito da entrevista”. Na reportagem da Ele & Ela, que exibiu o
jornalista deitado em uma cama, de cueca, cuidadosamente recoberto por uma
felpuda toalha, Garcia revelou que era ali que ele “abatia suas lebres”,
aludindo à locução cunhada por Carlos Imperial para referir-se às mulheres com
quem mantivera conjunções lascivas.
Um comentário:
É constrangedor imaginar que tem gente que leva esse cidadão a sério... pelo jeito como ele se leva a sério, tem muita gente que leva ele a sério...
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