PARA dar exemplo construtivo,
eis alguns dos encontros mais assombrosos e desconcertantes que a história
registrou, entre personalidades aparentemente tão antagônicas quanto Tom e
Jerry. Por exemplo, entre o então homem forte da então União Soviética, Nikita
Kruschev, e a então diva Marilyn Monroe. Em agosto de 1959, tentando debelar a
escalada da crise sobre o destino de Berlim, o presidente norte-americano
Eisenhower convidou o premiê Kruschev para uma visita aos Estados Unidos. Era o
auge da Guerra Fria, e nunca um dirigente da URSS havia posto os pés ali.
O programa incluía uma passadinha pelos
estúdios da 20th Century Fox, para um banquete com uma constelação: Judy Garland,
Gary Cooper, Kim Novak, Ginger Rogers, Kirk Douglas, Frank Sinatra e Tony
Curtis, entre centenas de astros.
Os homens de terno escuro e as mulheres de
vestido de gala e joias cintilantes. Uma plêiade tão galática que Henry Fonda
ironizou: “Esta é a coisa mais próxima do maior funeral de Hollywood que já
compareci na minha vida”. Logo que chegou, o líder comunista foi apresentado a
Marilyn. A deusa usava um tomara que caia tão justo que parecia pintado no
corpo. Marilyn começou por proferir uma frase que sua amiga Natalie Wood –
fluente em russo – a tinha ensinado: “Nós, trabalhadores da 20th Century Fox,
nos congratulamos por sua visita ao nosso estúdio e ao nosso país”.
Se Kruchev ficou embasbacado, a atriz não se
mostrou impressionada: “Ele me olhou da maneira que os homens olham para uma
mulher”. O soviético pegou a mão dela e ronronou: “Você é uma jovem adorável”.
Mais tarde, Marilyn contou à sua empregada: “Ele era gordo, feio e com
verrugas. Apertou minha mão com tanta força e por tanto tempo que achei que
fosse quebrá-la. Bom, antes isso do que ser obrigada a beijá-lo”.
O então marido de MM, o dramaturgo Arthur
Miller, foi “encorajado” a ficar em casa, pois era um esquerdista de
carteirinha (investigado pelo Senado, dentro da paranoica campanha do senador
republicano Joseph McCarthy). Mas com sua mulher eram outros quinhentos. No
começo, Marilyn, que nunca lia jornais nem ouvia noticiários, teve de ser
instruída sobre quem era aquele russo baixinho e gordinho. Mas o estúdio
insistiu. Na Rússia, a América significava duas coisas: Coca-Cola e Marilyn
Monroe. Ela adorou ouvir isso.
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